O futebol americano deixou de ser um nicho no Brasil e passou a ocupar um espaço definitivo no cenário esportivo nacional. A cada temporada, a NFL conquista novos adeptos, amplia sua audiência e fortalece a relação com o público brasileiro, que se tornou o segundo maior fora dos Estados Unidos.
De acordo com dados da própria liga, o número de fãs brasileiros ultrapassa os 35 milhões, sendo mais de 12 milhões considerados “fãs engajados”, ou seja, acompanham os jogos semanalmente, consomem produtos oficiais e interagem nas redes sociais. Esse crescimento acelerado é resultado direto de uma combinação de fatores estratégicos: transmissões em português, presença digital ativa, eventos locais e o sucesso do São Paulo Game.
Nos últimos anos, a ESPN Brasil e o Star+ tornaram-se referências na cobertura do futebol americano. As transmissões ao vivo, agora com narradores e comentaristas brasileiros, aproximaram o público do esporte. Em 2024, a partida entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, realizada na Neo Química Arena, registrou a terceira maior audiência da história da modalidade na TV por assinatura do país. Em 2025, as expectativas para o confronto entre Kansas City Chiefs e Los Angeles Chargers são ainda maiores.
As redes sociais também desempenham papel fundamental. O perfil oficial da NFL Brasil já ultrapassa 3 milhões de seguidores, somando milhões de visualizações com vídeos curtos, memes e bastidores em português. A linguagem próxima e divertida ajudou a transformar o público casual em comunidade fiel, com alto engajamento e identificação com os times e jogadores.
Além disso, a expansão do fantasy football e o aumento das ligas amadoras no país contribuíram para popularizar o esporte. Universitários e jovens adultos participam de competições regionais, enquanto ligas como a Brasil Futebol Americano (BFA) e o Copa São Paulo de Futebol Americano ganham visibilidade nacional. Cidades como Curitiba, Recife, Brasília e Belo Horizonte já possuem times estruturados, estádios com boa presença de público e cobertura regular da mídia esportiva.
O impacto econômico também é significativo. Segundo dados do Ministério do Turismo, os eventos oficiais da NFL movimentaram cerca de R$ 250 milhões em 2024, número que deve crescer para R$ 330 milhões em 2025 com a nova edição em São Paulo. A venda de ingressos, hospedagem e produtos licenciados gera uma cadeia de empregos diretos e indiretos, atraindo cada vez mais investimentos privados.
Para o comissário Roger Goodell, o sucesso no Brasil é parte de um plano de longo prazo. “Queremos criar uma base sólida, inspirar jovens atletas e mostrar que o futebol americano é um esporte universal. O Brasil é o nosso principal parceiro na América Latina”, declarou em entrevista à UOL Esporte.
Em paralelo, a liga discute a criação de uma academia de talentos da NFL no país, com foco no desenvolvimento de atletas jovens e treinadores. O projeto, em parceria com o Ministério do Esporte e federações locais, visa oferecer intercâmbios nos Estados Unidos, estágios técnicos e bolsas esportivas em universidades americanas.
Marcas globais têm apostado cada vez mais nesse crescimento. Nike, Budweiser, Visa e EA Sports ampliaram contratos de patrocínio e criaram campanhas exclusivas com foco no público brasileiro. Produtos temáticos, como camisetas personalizadas e edições limitadas de videogames, têm alcançado vendas recordes.
Enquanto isso, a paixão dos fãs segue como o grande diferencial. Milhares de brasileiros acompanham madrugadas de domingo para assistir aos jogos, organizam encontros em bares e até caravanas para os Estados Unidos. O ambiente nas redes é de celebração, com comunidades inteiras dedicadas à análise tática, estatísticas e curiosidades sobre as franquias.
Esse entusiasmo fez do Brasil um caso de sucesso no plano global da NFL. A liga, que já tem presença consolidada em Londres e Frankfurt, enxerga o país como o próximo polo internacional do futebol americano. O resultado é claro: o Brasil deixou de ser apenas espectador e passou a ser parte essencial da história da NFL.
